Recuperado o costume anterior à pandemia de celebrar a Ceia do Senhor dispondo os bancos da Igreja paralelos a uma enorme mesa que percorre toda a nave desde o altar até à porta de entrada, a Quinta-Feira Santa permitiu-nos viver a festa da instituição da eucaristia no verdadeiro espírito de comensalidade que nos funda como iguais, partilhando o pão com todos. Festa a que também o coro dessa tarde-noite nos convocou através do modo como interpretou os cânticos que escolheu.
A adoração da Cruz, na expressividade dos silêncios e na recitação das orações, favoreceu o recolhimento e a meditação de cada um sobre a morte, o pecado e a descida aos infernos. A alegria da ressurreição festejámo-la logo na noite do sábado de aleluia, cantando, ajudados pelo coro, os mistérios da criação, da encarnação e da ressurreição. O fogo novo em que o círio se acendeu e que inflamou os carvões do turíbulo vinha do dia anterior, forjado a partir da incidência do calor da luz solar, aumentado por uma lente, em ervas secas e pequenos paus de madeira. Pormenores mais visíveis para uns do que para outros, mas todos convergindo para um sentido mais fundo da Páscoa do Senhor.
Esta foi uma Páscoa em que a beleza do interior da Igreja, renovado pelo restauro recente da capela do altar-mor, nos convidava a acreditar com confiança que o amor de Deus renova constantemente a face da terra.