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Santa Isabel de Portugal, peregrina a Santiago de Compostela, artífice da Paz

A 25 de Maio de 1625, na Basílica de São Pedro, em Roma, o Papa Urbano VIII presidiu à celebração de canonização de Santa Isabel de Portugal. No ano jubilar de 2025 celebramos, assim também, os 400 anos da sua canonização.
No seu estudo sobre esta celebração intitulado “O theatro e aparato solenne de Bernini […] através de uma gravura seiscentista”1, Milton Pedro Dias Pacheco afirma acerca da imagem que figurava no estandarte colocado centralmente: «Através do cruzamento das fontes documentais com o que o traço do desenho deixa compreender, D. Isabel surge envergando o hábito de clarissa com que foi amortalhada, com algumas rosas no regaço, coroada, e segurando o bordão de peregrina oferecido pelo arcebispo de Santiago de Compostela, (re)descoberto aquando da abertura do túmulo medievo em março de 1612»2. E diz que «esta acabou por ser uma das representações mais divulgadas da Santa Rainha e, seguramente, a mais fidedigna, pois assim se fizera representar ad vivum na estátua jacente da arca tumular encomendada pela própria a mestre Pêro no primeiro terço do século XIV»3.
É com uma representação deste tipo que contamos na nossa Igreja desde 2021, numa imagem que se encontra a meio da nave, à direita de quem entra, por generosa oferta do Dr. João van Zeller. É uma imagem de madeira policromada e dourada, de autor desconhecido, da segunda metade do séc. XVIII.
Uma excelente maneira de celebrar este quarto centenário, a exemplo de Santa Isabel de Portugal, seria tornar mais operativo o nosso empenho pela Paz.
Nuno Caiado, num artigo no Sete Margens do dia 16 do passado mês de Junho, fazia um apelo concreto e dizia: «Vemos hoje tantas guerras. Alguns dizem estar já a decorrer difusamente a terceira guerra mundial. De entre elas ressaltam a do Médio Oriente e a da Ucrânia. A primeira revela um ódio ancestral e visões teocráticas distintas. Tornou-se estrutural e há muito que, em rigor, ninguém saberá dizer quem agrediu quem (nem tal já interessa), sobrevindo agora a particularidade de um ataque anti-semita violentíssimo e de uma violência agonizante, com uma punição israelita desproporcionada e desprovida de lógica e racionalidade, sujeitando os palestinos a uma infinidade de horrores. […] A segunda consagra também um certo embate entre Ocidente e Oriente, com origens remotas e recentes. […] Existe um risco real de escalada cujo desfecho pode ser uma catástrofe derradeira para grande parte da humanidade. […] Os cristãos (e outros crentes) devem estar na linha da frente na procura da paz; hoje, possivelmente, isso significa acções distintivas e plurais. Rezar e comprometer-se pela paz, mas também exigir a activação da diplomacia».
Vamos a isso?!

José Manuel

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1 M.P. DIAS PACHECO, “O theatro e aparato solenne de Bernini: a cerimónia de canonização da Rainha Santa Isabel em 1625 através de uma gravura seiscentista” in A.M. RIBEIRO REBELO, C. MIRANDA URBANO (Coords.), Isabel, Rainha e Santa. Pervivência de um culto centenário, Coimbra 2020, IUC, 137-186.
2 Idem, 176.
3 Ibidem.

 

Fotografia: Bernardo Barreto

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