
Só haverá cristianismo real quando existirem pessoas que, no segredo da sua intimidade, se atreverem a esperar o impossível.
Da mesma maneira que não era possível que um condenado a um suplício de escravo fosse ressuscitado pelo próprio Deus, contra a expectativa dos peritos da religião do tempo, do mesmo modo é impossível que hoje a tendência destrutiva da história se detenha e se inverta.
É impossível que o que já aconteceu seja desfeito.
É impossível que os atraiçoados recuperem a confiança.
E, sobretudo, é impossível e escandaloso que os pecadores possam ser convidados para o banquete eterno do perdão e se sentem ao lado dos justos (mesmo que chamados a toda pressa, passada a undécima hora!).
É impossível que as oportunidades perdidas em todas as vidas se repitam, regressem, e sejam superadas.
E é impossível o Reino dos Céus.
Mas se acreditamos que o impossível é possível…
Só uma liberdade assumida até às últimas consequências fala eloquentemente de Deus no meio das ruínas.
Miguel García-Baró (adapt.)