
Sobre o encontro do Ressuscitado com Maria, sua mãe, o silêncio dos quatro evangelhos é lido em contraluz, quer pela tradição oriental, quer pela tradição ocidental.
Santo Ambrósio, na sua obra De virginibus, afirma expressamente: «Maria viu a ressurreição e viu-a em primeiro lugar».
Santo Inácio de Loyola também não se conforma com a ausência de referência a Maria nos relatos de aparição de Jesus ressuscitado e propõe nos Exercícios Espirituais, no início da quarta semana, que se contemple a aparição de Jesus a Nossa Senhora: «o que, embora não se declare na Escritura, tem-se por dito, ao dizer que apareceu a tantos outros» (cf. 218-225).
Também Rainer Maria Rilke dedica, na sua obra A vida de Maria *, escrita em 1912, um poema sobre o encontro de Jesus ressuscitado com Maria, sua mãe. Imagina-o como um doce e silencioso**:
quando Ele, ainda um pouco pálido do sepulcro,
mais ligeiro, veio ao seu encontro:
ressuscitado por inteiro.
Oh, em primeiro lugar a ela! Como ali se encontravam
Como presente de Páscoa para todos, aqui vos deixamos a reprodução de um ícone trazido de Jerusalém, com legendas em árabe, que ilustra claramente esta tradição.
Uma Páscoa feliz!
P. José Manuel
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* R.M. Rilke, A vida de Maria, Porto 2023, Flaneur. Trad. de M. Teresa Dias Furtado
** Idem, 67.