texto do mês

Porque me abandonaste?

A cruz que vemos na imagem é da Majestade de Batlló (séc. XII) que está no Museu Nacional de Arte da Catalunha. Uma pequena reprodução desta imagem está sobre o altar da nossa igreja que, aliás, tem uma figuração convergente com a nossa cruz-alçada, de inspiração medieval.

Gostaria de partilhar convosco, neste mês, uma oportuna reflexão de Karl Rahner:
«A morte aproxima-se de ti: despojamento, impotência, esmagadora desolação, em que tudo cede, tudo foge, em que não há senão um abandono lancinante […] E nesta noite do espírito e dos sentidos, neste vazio do coração em que tudo arde, a tua alma persiste na oração; esta terrível solidão de um coração consumido pela dor torna-se em ti uma extraordinária invocação a Deus.

Para exprimir a tua angústia, para fazer do teu abandono sem limites uma oração, começaste a recitar o Salmo 21. As tuas palavras: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” são o primeiro verso desta antiquíssima lamentação que outrora o vosso Espírito Santo colocou no coração e nos lábios dos justos da Antiga Lei, como um grito de partir o coração. Assim também tu, se posso ousar exprimir-me, não quiseste, no paroxismo do teu sofrimento, rezar de forma diferente à da que rezaram inúmeras gerações antes de ti. De certo modo, naquela Missa solene que tu mesmo celebraste como sacrifício eterno, rezaste com fórmulas já marcadas pelo uso litúrgico, e com estas fórmulas pudeste dizer tudo. Ensina-me a rezar com as palavras da tua Igreja, para que se tornem as palavras do meu coração»*.

Em união com toda a Igreja, percorremos esta Quaresma com claro sentido penitencial. De efectiva conversão, de verdadeira mudança de mentalidade e de vida.

Estamos a caminho. Vamos juntos.

Desejo-vos a todos, a cada um, às vossas famílias, uma viva celebração do Mistério Pascal!

P. José Manuel

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* K. Rahner, “Venerdì santo – Le sette parole”, in K. Rahner, J. Ratzinger, Settimana Santa, Queriniana, Brescia 1973, 42-43.

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